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13 março 2013

João Rocha: O Último Combate

13 março 2013 1 Comentários
OPINIÃO


Uma das últimas acções públicas de João Rocha foi a forma atenta e corajosa como lutou contra o "Projecto Roquette". Sportinguista sportinguista (não é erro, é a dobrar) lutou contra, praticamente todo o Conselho Leonino (CL) e assembleia geral (AG) do Clube. Quando faleceu muitos do que o criticaram no CL e AG elogiaram-no. Gente sem vergonha!

E tudo começou…
Com o Projecto Roquette (PR). Pinto da Costa soube (num estudo de mercado) que a diferença entre FCP e SLB era tão grande – em número de simpatizantes e amor aos clubes - que não seria possível ultrapassar o Benfica mesmo com o FCP “mais organizado”. A solução seria manter o Benfica desorganizado para vencer mais competições que o Benfica. José Roquette soube (numa sondagem) que a dimensão do Benfica era incomparável e mesmo com o Sporting CP a ter maiores percentagens (mesmo assim minoritários) entre adeptos nas classes mais altas (daí a célebre frase – os sportinguistas têm mais Mercedes e BMW’s - por isso mais dinheiro) não seria possível competir de igual com o SLB.

Cortina de fumo azul-e-verde
Com a cortina de fumo “Encontros Para Aproveitar Sinergias na Construção dos Novos Estádios”, Roquette e Pinto da Costa, estabeleceram um plano para o futebol e modalidades. O Sporting CP aceitava que o FC Porto era o clube mais importante de Portugal e o FCP tudo faria para proteger o SCP a fim deste conseguir na zona centro-sul rivalizar com o Benfica. O FCP e SCP não se digladiariam publicamente, trocariam jogadores e actuariam de forma concertada de modo a desgastar o Benfica. Na prática o FCP seria mais vezes campeão nacional (em anos de infortúnio, com tudo a correr mal e bem ao SCP, o SCP poderia ser campeão nacional), mas o SCP garantiria o 2.º lugar, pois tentariam isolar o Benfica de modo a dificultar o acesso deste aos lugares (1.º e/ou 2.º) de qualificação para a Liga dos Campeões, onde haveria o “perigo” de fazer dinheiro e tornar-se “perigoso”.

O último combate
Foram poucos os sportinguistas que se insurgiram no Conselho Leonino contra esta subserviência do SCP ao FCP. Um dos poucos foi João Rocha, como deu conta numa entrevista ao “Record”, meia dúzia de anos depois, mas da qual os “jornalistas” portugueses não ligaram, por medo, desprezo ou incompetência. Por que estaria João Rocha indignado se Roquette conseguira colocar sempre (com o FCP) o SCP na Liga dos Campeões? Isto era "mau" para o SCP?

Jornal "Record" 15 de Fevereiro de 2006

Porquê da indignação
João Rocha mostrou-se indignado, não pelo facto do pacto permitir ao SCP superiorizar-se ao Benfica, mas sim por quatro motivos:
1. A falta de ética do Projecto Roquette, ao estabelecer um plano maquiavélico, unindo dois clubes (FCP + SCP) para afastar outro (SLB) de competições desportivas, numa estratégia político-económica, extra competência desportiva;
2. A subserviência do SCP ao FCP, admitindo que este era superior, num tempo (finais dos anos 90) quando as sondagens acerca das simpatias clubísticas davam emparelhamento entre os dois clubes (cerca de 21 por cento);
3. O "beijo da morte dos portistas aos sportinguistas", condenando para sempre (pelo menos a longo prazo) o SCP, pois o FCP iria crescer desmesuradamente à custa do enfraquecimento do SCP. O definhamento do SLB seria sempre uma incógnita face à certeza anterior. NOTA DO EDB: João Rocha aos 70 anos (2000) continuava lúcido, como aos 50 anos (1980);
4. O rebaixamento dos dirigentes do SCP perante os do FCP, quando ele passara o seu mandato a "combater as estratégias intriguistas e ilegais de Pinto da Costa". E foi por isso - por perceber que não conseguia derrotar Pinto da Costa, que entretanto - em meados dos anos 80 - estabelecera boas relações com o presidente do SLB, Fernando Martins, que João Rocha decidiu abandonar o SCP (1986) por não encontrar meios para fazer do SCP uma potência do futebol, virando-se para as modalidades;

Como eles gostam de meias-palavras
Os "jornalistas portugueses" são um caso à parte. Hilariante! Pensam eles que podem usar "prosa redonda" para falar do acessório sem falar do essencial, porque os pacóvios que lhes pagam diariamente os comes-e-bebes + alojamento não atingem o Olímpo onde se refastelam. 

Jornal Record. Página 44. 9 de Março de 2013 (sábado)

Pois! Eu vou falar de João Rocha, mas do que me interessa. Não do que interessa à Opinião Pública. Vou lá, agora, dizer o essencial. Assim, tenho poder. Sei, sempre, mais do que eles.

Julgando-se imortais guardam para eles as informações que lhes garantem poder entre os mortais. O azar é que os imortais também morrem. Lá se vai o poder (afinal efémero) e as informações que julgavam ter em exclusivo. Tristeza não tem dó!

João Rocha? Um senhor! Sempre de cabeça levantada! Teve uma vida e viveu-a com dignidade


Alberto Miguéns
1 comentários

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